O “Nossa Senhora” ou CNSD, como é chamado por seus alunos e ex-alunos, existe no tradicional bairro da Casa Verde – Zona Norte da capital paulista – há 73 anos. Trata-se de uma obra educativa das Irmãs Escolares de Nossa Senhora (IENS), congregação de origem alemã que ainda mantém, no bairro, dois outros trabalhos educativos há várias décadas: as creches Maria Dulce e Nossa Senhora da Paz. A data de 15 de setembro – dia da devoção mariana que lhe empresta o nome – é a referência para as comemorações do Colégio Nossa Senhora das Dores, cujas atividades iniciaram-se a 2 de fevereiro de 1948.
Com Madre Teresa, o início de tudo
A Congregação das Irmãs Escolares de Nossa Senhora considera como data de sua fundação o dia 24 de outubro de 1833. Sua fundadora, a Madre Maria Teresa de Jesus Gerhardinger, nasceu em 1797 na pequena cidade de Stadtamhof, território da Baviera, hoje pertencente à Alemanha.
Expansão na América e na Europa
Ao longo do século XIX as IENS fizeram-se presentes também no continente americano, a começar pelos Estados Unidos da América (EUA). Foram abertas casas em Baltimore, Pittsburgh, Detroit, Milwaukee, Philadelphia e Nova York. A expansão pela Europa deu-se por novas regiões em território alemão, além de países como Áustria, Hungria, Itália e Inglaterra. Todo esse movimento deu-se ainda no século XIX. Quando Madre Teresa faleceu, em 1879, a Congregação já estava presente em 12 países.
Chegada ao Brasil
Foi em 1935 que as primeiras IENS chegaram ao Brasil, estabelecendo-se inicialmente em Forquilhinha, cidade do estado de Santa Catarina. Nesse mesmo ano as Irmãs chegaram em território paulista, onde trabalharam inicialmente na área da saúde na cidade de Matão. Em 1937 somavam-se 16 Irmãs no recém-criado Vicariato de São Paulo. No ano seguinte o total de Irmãs vindas da Baviera chegou a 30.
Chegada à capital paulista
A partir de 1941 foram estabelecidos os primeiros contatos com autoridades eclesiásticas e educacionais da capital. As tratativas iniciais, conduzidas pela Madre Maria Recaldis Haberl, voltavam-se ao desejo de abrir uma escola na cidade de São Paulo. No contexto de perseguições da Segunda Guerra Mundial, dizia-se que, na capital paulista, haveria maior facilidade para religiosas estrangeiras lecionarem.
Chegada à Casa Verde
Com apoio do Monsenhor Germano, então vigário da Paróquia São João Evangelista, as IENS estabeleceram-se inicialmente em uma pequena casa à Praça Centenário, no bairro da Casa Verde, em fins de 1941. As Irmãs chegaram em momento oportuno, visto que o vigário procurava religiosas para substituir as Irmãs Beneditinas, que haviam se mudado para Sorocaba. As atividades escolares, sob condução das IENS, iniciaram-se em 1942, com 80 alunos, em prédio provisório situado à Rua Inhaúma. Em 1943, após aquisição de um terreno na Rua Saguairu, o “Externato Imaculada Conceição” passava a funcionar em prédio próprio.
Paróquia Nossa Senhora das Dores
Em 1946 outro religioso da Casa Verde – o Padre Antônio D’Ângelo, italiano e primeiro pároco da Paróquia Nossa Senhora das Dores – solicitou a presença de Irmãs junto à sua paróquia. Atendendo ao pedido, no ano seguinte, Madre Recaldis – vigária das IENS em São Paulo – adquiriu uma propriedade situada à então Rua Morro do S, 11 (hoje Rua Relíquia, 691). Era uma casa pequena que serviu de embrião ao Externato Nossa Senhora das Dores, a segunda casa das IENS na capital paulista. Essa ação somente foi possível com o empréstimo de 10 mil dólares oriundo das IENS dos EUA.
Em 1948, o primeiro ano letivo
Em 2 de fevereiro de 1948, com 250 alunos, começava o primeiro ano letivo do Externato Nossa Senhora das Dores. Além do Jardim da Infância, também chamado “Pré-primário”, havia três turmas de 1º ano e uma de 2º ano do então “Primário Fundamental”.
A estrutura inicial contava com três salas de aula de 7,6 x 5,8 metros, três instalações sanitárias, 50 carteiras, 10 mesas, 30 cadeirinhas e três quadros negros. A primeira diretora, alemã, foi Ir. Maria Danielis Reichel. Além dela, atuavam como professoras no ano de fundação mais três IENS: Ir. Maria Adelmara Zimmermann, Ir. Maria Teresa Elorza e Ir. Maria Rita Bouças.
Notável crescimento na década 1950
Em 1950 já existiam nove turmas e o total de 455 alunos. Foi nesse ano que a Congregação adquiriu um terreno de 20 x 33 metros, com frente para a Rua Iataí, fazendo fundos com a área que já lhe pertencia e que abrigava a estrutura pioneira.
Esse apreciável impulso inicial foi seguido de outras ações. O bairro da Casa Verde, de grande densidade demográfica, não possuía escola secundária voltada ao público feminino. Atendendo aos pedidos de inúmeras famílias e autoridades locais, a Congregação das IENS pôs em execução o plano de edificação de um prédio para fins de ensino, com instalações que satisfizessem as exigências legais para funcionamento de um “Ginásio” (1953) e uma “Escola Normal” (1956). Foi um tempo de grandes obras e muita ousadia, o qual estendeu-se de 1952 a 1957.
O olhar técnico e artístico dos anos 1960
Em documento de 1965, são listados como materiais educativos as coleções de slides e discos culturais, vitrolas e retroprojetores. O currículo contava com aulas de corte e costura, técnicas industriais e comerciais, datilografia, educação para o lar, dentre outros. Havia, ainda, uma fanfarra com 130 instrumentos e uma “bandinha rítmica”.
As formações técnicas e o supletivo
Em 1974 são oficializadas diversas habilitações profissionais. Em nível técnico, destacava-se a habilitação específica para o Magistério de 1º grau, além de Química. Havia outras, como Auxiliar de Contabilidade, de Escritório e de Laboratório de Análises Clínicas.
A partir de 1975 foi autorizado o funcionamento dos Cursos Supletivos de 1º e 2º graus. No ano seguinte, solicitava-se autorização para o funcionamento de novas modalidades técnicas para os cursos de 2º grau: Contabilidade, Secretariado, Assistente em Administração e Publicidade.
Tempo presente
Desde a sua fundação, o CNSD acolheu, em seu coração, milhares de alunos que, durante sua trajetória educacional, receberam valiosos fundamentos éticos, morais e cristãos sobre os quais alicerçaram sua vida pessoal, familiar e profissional. Hoje, o CNSD é referência na Zona Norte paulistana, quando o tema é educação de qualidade. Seus 73 anos de existência fazem do colégio um grande ícone do bairro da Casa Verde, representando uma significativa parcela da história e da memória do bairro e de sua gente.
Na direção-geral do CNSD desde 2019, o professor Elton Frias Zanoni divide a missão de conduzir a tradicional obra educativa com Ir. Rosenilde Rosa da Silva Acácio, vice-diretora. Em meio à pandemia, o CNSD – assim como muitos colégios mundo afora – precisou reinventar-se e realizar a adaptação para continuidade dos trabalhos educativos, os quais vem sendo conduzidos com grande maestria pelo corpo docente. Atendendo, atualmente, a todas as faixas da Educação Básica, da Educação Infantil ao Ensino Médio, os próximos desafios que se apresentam são a condução dos trabalhos frente ao “novo normal”, o programa bilíngue no Ensino Fundamental, bem como o início do Novo Ensino Médio em 2022.
No aniversário deste ano, o CNSD prepara a instalação de um espaço memorial, trazendo algumas fotos históricas em painéis e dispondo objetos, documentos e ferramentas pedagógicas utilizados ao longo das sete décadas de existência. Além de valorizar a memória institucional, a ação visa trabalhar o tema junto aos estudantes, que perpetuam essa história repleta de vida e transformação positiva da sociedade.
O objetivo do CNSD é o de assumir o protagonismo na formação de sujeitos éticos, responsáveis, participativos, autônomos e preparados para enfrentar as constantes transformações em uma sociedade cada vez mais complexa. Diante disso, espera que todos alcancem grau de excelência na construção do conhecimento e no desenvolvimento integral como pessoa, comprometendo-se firmemente com a transformação do mundo.