No sábado, dia 28 de setembro, mais uma vez o CNSD abriu suas portas para receber ex-alunos, que vieram nos visitar e se reencontrar. Desta vez, foram os alunos formados em 1990.
“Um dia eu estava em casa e vi a Betinha me adicionar no Facebook. No domingo de Páscoa deste ano, eu estava mexendo em algumas coisas, quando encontrei uma foto minha com o Fabiano e resolvi colocar no Facebook, perguntando quem se lembrava daquele uniforme. Então pessoas que eu não via há muito tempo começaram a conversar e daí surgiu esta turma linda, esta família que a gente criou e que parte dela está aqui hoje”. Foi assim que Lígia Rosa da Costa, ex-aluna do CNSD, descreveu como a turma de 1990 se reencontrou.
Os ex-alunos foram recebidos no Auditório, onde foram dadas as boas-vindas. Ali também foram recordadas histórias da vida escolar que ficaram na memória, como a que nos contou Fabiano Villani.
“A Pina era nossa professora de português e na nossa época, nas férias de julho, nós tínhamos que ler um livro e na volta às aulas, apresentar o tema lido. E, acho que como a maioria, nós deixávamos para o último dia. Chegou o domingo à noite, véspera do retorno às aulas, e minha mãe perguntou se eu tinha lido um livro. Aí eu procurei e achei um livro enorme que tinha em casa, ele era grande, mas tinha só umas vinte folhas e se chamava “Marcelo, Marmelo, Martelo”, e tinha mais desenhos que palavras. E eu consegui ler o livro naquela noite. Chegando segunda-feira na escola, o pessoal tinha lido livros de 100 ou 200 páginas, eu comecei a olhar aquilo e já pensei que ia passar vergonha. O pessoal se apresentava e a Pina falava “parabéns!” – e eu pensava – “vou passar vergonha”. Chegou minha vez de apresentar e na hora que ela viu o livro já fez aquela cara de decepção. Acabei a apresentação e merecia uma bronca, mas a Pina – que nunca brigou com os alunos – me olhou e disse: “Olha, não era esse tipo de livro que era para ler…” e eu fiquei arrasado porque deixei a Pina desapontada”. E completou: “Mas tenho certeza que ela me perdoou, aliás, eu tinha um trauma de infância, pois como eu era muito alto, sempre ficava no fim da fila, e por isso, nunca podia andar de mãos dadas com a professora. Mas hoje ela resolveu isso, quando eu cheguei, ela me deu a mão e me colocou na frente de todos, puxando a fila”, arrancando risos de todos.
Um depoimento, em especial, emocionou os presentes, porque exemplificou como a convivência num ambiente pautado por valores como amizade, respeito e solidariedade contribui para a boa formação, que permanece durante a vida adulta, fortalecendo laços que a distância às vezes pode apagar. A ex-aluna Karin Carolina Rocco se expressou com estas palavras: “Eu queria agradecer e dizer que estou muito feliz. É a história da nossa vida e da nossa infância, não tem como não se emocionar de estar aqui. Mas eu queria aproveitar para agradecer a cada um de vocês, pois há pouco eu passei por um momento muito difícil da minha vida, onde eu até pensei em desistir da vida. E foram estas pessoas, que estão sentadas aqui, que me acolheram, que me salvaram. Que abriram seus braços, se sensibilizaram com a minha dor e compulsoriamente me internaram para um tratamento de depressão. Agora eu estou em recuperação e quero lhes agradecer do fundo do meu coração, porque vocês foram mais que amigos, vocês são realmente a minha família. E se não fosse o CNSD, eu jamais teria conhecido vocês. Eu amo todos e espero um dia poder retribuir o que vocês fizeram por mim. Muito obrigada!”
Depois de muitos abraços trocados, a turma de 1990 caminhou pelos corredores, visitou a gruta e até recordou uma aula da Prof.ª Pina, sentados comportadamente na sala, a cada minuto lembrando uma cena e se divertindo com tantas lembranças felizes.
O encontro terminou após o “recreio”, onde o lanche servido na cantina da escola foi, a pedido dos próprios alunos, composto por salgadinhos, pizzas e outras guloseimas que completaram a lembrança afetiva de tantos anos vividos no CNSD nos anos 1980.
Depois de um sábado tão especial, só nos resta agradecer aos alunos formandos em 1990 pelas muitas demonstrações de carinho e respeito, e desejarmos saúde e felicidade a todos, sob as bênçãos de Nossa Senhora das Dores, nossa Padroeira!